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Pesquisa mostra que 50% dos usuários de maconha no país acaba utilizando cocaína ou crack

Dados do Serviço Nacional de Orientações e Informações sobre a Prevenção ao Uso Indevido de Drogas (Vivavoz), organizado pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, revelam que a maconha é a porta de entrada para o uso de cocaína e de crack no país. De acordo com o levantamento, 49% dos usuários de droga que ligam para o serviço afirmam que entram nas drogas ilícitas através da maconha e, depois, resolvem partir para drogas mais pesadas, como cocaína e crack.

- Eles (usuários da maconha) dizem que isso é um processo natural. Quando usam a maconha, têm maior facilidade em adquirir o crack ou a cocaína. Sabem que já estão na ilegalidade e resolvem experimentar. Não significa que se tornarão consumidores frequentes dessas drogas mais pesadas, mas acabam experimentando - diz a professora Helena Barros, coordenadora do Vivavoz.

Considerada uma substância psicotrópica leve, a maconha traz a falsa sensação ao usuário de não fazer mal à saúde, segundo a professora. No entanto, ressalta, muitos desconhecem os malefícios dessa droga.

- Quem planta a maconha usa cada vez mais pesticidas e agrotóxicos para que a planta cresça cada vez mais. Na fase do preparo ainda são inseridos outros insumos - diz a professora.
Após o uso do crack ou da cocaína, muitos dos dependentes de maconha começam a fazer o uso das três drogas. Em geral, esse 'consumo' é feito com bebida alcoólica e em grupos. Os usuários, segundo a pesquisa, dizem que fumam maconha com o objetivo de relaxar. Quando querem maior disposição física, ainda que momentânea, preferem a cocaína ou o crack.

A maior parte da população (35%) que procura o Vivavoz tem renda mensal de até 5 salários mínimos. A maioria tem em torno de 30 anos e começou a usar a maconha na adolescência. O serviço foi criado em 2005. Após um primeiro atendimento, é oferecido ao usuário uma breve intervenção motivacional, feita por telefone. A partir daí, até seis meses, 30% dos usuários do serviço mantêm contato.

Cerca de 10% dizem conseguir se livrar das drogas.
O Vivavoz atende mensalmente cerca de 3 mil ligações de todo o país através do telefone 0800-510-0015. Dessas, cerca de 1,5 mil são usuários de drogas - lícitas (cigarro e bebida alcoólica) ou ilícitas. Cerca de 400 afirmam ser usuários de maconha. As outras duas mil ligações, em geral, são de parentes procurando ajuda a um dependente na família, ou o próprio usuário se identificando como parente.

Os estados de onde acontecem a maior parte das ligações, com percentuais entre 8% e 12%, são Rio Grande do Sul, sede do serviço; São Paulo; Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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